Por Jussara Alves e Lorrany di Paula
Localizado há 8km do centro de Rondon do Pará, o lixão municipal recebe diariamente toneladas de resíduos que são utilizados e descartados pela população.
O município não conta com o aterro sanitário e com isso o lixo que chega até o local é separado pelos catadores que diariamente saem das suas residências de segunda a sábado para fazer o trabalho de reciclagem dos materiais que são reutilizáveis.
De acordo com o reciclador de 34 anos, Antônio Cesar, a única forma que encontrou para manter sua família nos últimos quatro anos foi com trabalho de reciclagem no lixão. “É deste local que tiramos o sustento e aqui tudo é reaproveitado. O o plástico, alumínio, papelão, cobre, metal, então como já sabemos a crise no País como anda, a saída que encontramos é do lixão e é daqui que tiramos o sustento, muitos aqui produzem o artesanato”.
O trabalhador e pai de família comenta que a renda mensal depende da forma que o trabalho é iniciado. “Se a gente pega um mês seguro, a gente consegue produzir um salário ou mais de um salário e pouco, muitas vezes acontece imprevistos que impossibilitam”, entretanto segundo Antônio os próprios recicladores são os patrões no trabalho. “Aqui não temos um patrão, a gente marca um horário para chegar e para sair, então para nós isso já virou cotidiano, a gente não tem dificuldade aqui, todos somos amigos”.
No meio dos trabalhadores, a classe feminina também se faz presente, no total são seis homens e seis mulheres que trabalham diariamente no lixão, com objetivo de manter suas famílias. Jucilene Alves, é uma das mais antigas, já trabalha com reciclagem há 19 anos, para manter sua família, que segundo ela, ainda é complicado para se sustentar com o valor que consegue adquirir no final do mês. “Aqui é o meio da nossa sobrevivência. A renda é baseada no trabalho, se trabalhamos muito temos um valor bom se não é um valor pouco.
A dona de casa e recicladora comenta que é preciso ter campanhas de separação do lixo, para facilitar os trabalhos. “A maioria da população não sabe o que é separar reciclagem, aí geralmente vem tudo misturado”, disse Jucilene Alves, afirmando que a esperança é que as coisas melhorem e tenha a criação do aterro sanitário.
Encarar o trabalho no lixão diariamente requer muito esforço e dedicação da parte dos recicladores. Manoel Benedito, já trabalha no local há 10 anos e segundo ele, no dia a dia do trabalho tem o contato direto com os urubus, que com passar dos dias virou uma parceria. “Aqui eles não atrapalham, fazem ajudar, pois eles caçam o que comer e nós o que faz a gente ganhar alguma coisa. Eu sinto saudades quando eles não estão por aqui, pois acabam ajudando a procurar e se sentem à vontade”.
A realidade dos trabalhadores vai além do que eles comentam, entretanto, o desejo de todos é que o município desenvolva o projeto do aterro sanitário, para assim contribuir com os trabalhos que são realizados diariamente, e preservar a vida dos recicladores, que ficam expostos ao sol e a matérias que podem ocasionar acidentes, como o vidro.
Segundo a secretária de meio ambiente do município, Marcia Azevedo, existe já um projeto de implantação do aterro sanitário, que deve ser colocado em prática já nos próximos meses. “Eu espero que até o final da gestão esse aterro seja implantado, por conta que conquistamos em 2017, foi documentado, mas até a implantação existe processos burocráticos que precisam ser vencidos, os projetos que precisam ser criados já foram. Na verdade, quem vai implantar o aterro aqui é a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas’.
Como forma facilitar os trabalhos de separação dos resíduos sólidos no lixão, Marcia comenta que trabalhos educacionais do meio ambiente são desenvolvidos diretamente para a comunidade de Rondon do Pará. “Nós temos realizados palestras, principalmente nas escolas, sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos, nós temos solicitado aos moradores que enquanto não vim a coleta seletiva, separar o lixo seco do lixo húmido”.
De acordo com os próprios recicladores, os resíduos sólidos, passam por um longo processo de separação, no momento em que é separado do lixo que chega pelos coletores, e quando vão vender para proprietários de empresas de reciclagem. A partir deste momento o material reciclado é comercializado em alguns pontos de Rondon do Pará, já outros são encaminhados para outros estados. Segundo o reciclador, Miguel Alves, cada material tem um peço de venda. “Um saco de ferro pesa uns cem a cento e dez quilos, o de plástico é em torno de cinquenta quilos e cada material tem o seu comprador. O valor dele, é com a conta de cada quilo a quarenta centavos, que dá um valor baixo”.
Cada quilo de material é comprado por um valor, entretanto somente o valor do plástico foi informado.