No mês que se passou acompanhamos a movimentação em torno da saúde da mulher. Novembro, por sua vez, é o mês de conscientização sobre a saúde dos homens e é sobre isso que conversaremos nesta coluna sobre saúde.
Ensinados desde os primórdios a não chorar, ser forte, guerreiro, viril, os homens desenvolveram uma concepção de que são invulneráveis a qualquer condição de saúde/doença. Essa construção cultural, ainda que arcaica, impacta negativamente nos hábitos de vida da população masculina até os dias atuais, demonstrado através de resultados de inúmeras pesquisas que homens representam maioria no perfil de mortes violentas, incidentes evitáveis e menos participantes em programas de saúde voltados à prevenção de doenças.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que a média da expectativa de vida mundial masculina e feminina se diferem em cinco anos. No Brasil, quanto à mortalidade, a diferença entre os sexos é significativamente maior entre 15 e 39 anos de idade, sendo que, no ano de 2010, a chance de homens de 22 anos morrerem era 4,5 vezes maior do que mulheres da mesma idade, com as causas externas sendo apontadas como os principais motivos de morte entre os homens brasileiros nessa faixa etária.
Frente a este cenário, em 1999, na Austrália, surge o movimento Novembro Azul, cujo objetivo é chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) posicionou-se favorável a esta campanha e tem desenvolvido estratégias voltadas à condição de saúde dessa população, tais como: cartilhas de orientação à prevenção do câncer, sites oficiais de acesso a informações de diagnósticos e tratamentos de doenças que atingem a saúde masculina, parcerias com instituições privadas de grande alcance que transmitem mensagens de educação em saúde a essa população, etc.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), consolidada em 2009, vem aos poucos inserindo essa temática no foco da atenção à saúde nacional. Fundamenta-se nos seguintes objetivos:
- Qualificar a assistência à saúde masculina na perspectiva de linhas de cuidado que resguardem a integralidade;
- Qualificar a atenção primária para que ela não se restrinja somente à recuperação, garantindo, sobretudo, a promoção da saúde e a prevenção de agravos evitáveis.
Em 2015, uma parecia do Instituto Nacional de Câncer (INCA) com o Ministério da Saúde, evidenciaram em nota técnica a necessidade de capacitação dos profissionais da atenção básica para que esclareçam aos homens sobre os sintomas do câncer de próstata. Nesta nota, enfatizaram também a promoção da qualificação dos agentes comunitários e das equipes de saúde da família para que também possam orientar a população; a implementação de estratégias educacionais, de comunicação e de divulgação de medidas preventivas, promoção e atenção à saúde masculina; e a instauração de políticas nacionais voltadas para a saúde do homem e da pessoa idosa.
O câncer de próstata é o assunto central de orientação em saúde ao longo deste mês, é o segundo tipo de câncer mais mortal entre homens e é o sexto tipo de câncer mais frequente no mundo. Mas você sabe o que é a próstata? É uma glândula presente no corpo masculino e que se localiza na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno, com forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso).
A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual. A maioria dos cânceres de próstata não causam sintomas até que atinjam um tamanho considerável. Por isso é recomendado que se façam exames anualmente para identificar o aparecimento de alterações logo no início, buscando um diagnóstico precoce e assim poder rastrear o câncer.
Quando surgem os sintomas como: dificuldade de urinar, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite e sangue na urina, deve-se buscar urgentemente a orientação médica para que a investigação seja feita.
Esse é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte.
Aproveite o movimento em torno desta campanha e converse com os homens de seu convívio, familiares e amigos. Oriente-os aos cuidados com sua saúde, hábitos de vida e adesão as campanhas de saúde específica das necessidades masculinas. A prevenção é sempre a melhor forma de cuidar de quem amamos. E, se você, leitor dessa coluna, por acaso tiver algum dos sintomas citados busque rapidamente um serviço de atenção básica para que o diagnóstico e tratamento sejam conduzidos. Cuide-se!
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