Por Geciane Costa
O acesso à água de qualidade no bairro Jaderlândia tem sido motivo de desafio aos moradores, começando pela distribuição de água. Alguns lugares do bairro têm chamado a atenção, pois em algumas casas a água chega com abundância e em outras residências acontece a escassez, ou seja, no mesmo bairro há situações e problemas diversos. Segundo os moradores, a má distribuição da água é algo recorrente no povoado. Os moradores alertam sempre aos responsáveis, mas nada é resolvido.
A água que os moradores recebem são de poços profundos. Através da canalização, a água chega às torneiras das residências de moradores por meio do (SAAE), Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Rondon do Pará, criado em 05 de dezembro de 1984 e sancionado pela lei municipal n°22/84, na gestão do ex-prefeito Gildeu Miranda. Ele se tornou uma entidade autárquica municipal, econômica-financeira e administrativa com o objetivo de operar, manter, conservar e explorar diretamente os serviços de água potável e de esgotos sanitários. Atualmente, a responsável pela entidade há 38 anos é a senhora Maria de Lourdes Almeida, conhecida na cidade como Maria do SAAE.
Os moradores do bairro Jaderlândia são os que mais estão sofrendo com a forma da distribuição de água. A água que os moradores recebem funciona por um conjunto de captação em registro. O bairro possui três poços. A diretora do órgão relatou que água não vem diretamente do rio como muitos munícipes relata, a água é tratada, clorada, saída do poço subterrânea, e é de qualidade. Ela reforça que a água que chega no bairro fica armazenada no reservatório apoiado, chamado de RA. A captação é feita através desses poços canalizatórios, de 200 mil litros. Depois, é levada para distribuição que fica próximo à escola Lucíolo, local chamado de ENDEMIAS.
Essa é a mesma água que chega rapidamente à casa de Andreia Alves, moradora do bairro, localizada na rua Olinda Silva Rocha, próximo ao ponto que é chamado de número 5 – poço de captação. Porém, todo esse processo realizado pelo serviço do SAAE não tem adiantado muito, segundo a moradora. Mesmo ela mantendo toda higienização na sua casa, não usa a água potável, o motivo é que a água chega suja e com mal cheiro. “É de dar nojo beber água. Ultimamente, compro água mineral para poder consumir”. Mas, com o custo da água mineral, a moradora parou de comprar. Na última consulta médica, foi aconselhada que comprasse filtro de barro para consumir. Segundo Andreia, ajudou muito, mas a falta de água para uso dos afazeres domésticos é uma dor de cabeça.
A moradora do bairro, Andreia Alves, da rua Olinda Silva Rocha, reclama da má distribuição realizada pelo serviço do SAAE. “Lavar roupa é contar com a sorte”, uma vez que a água cai uma semana sim, outra não. Começa a cair sempre pela manhã e para de cair no dia seguinte, às 17h, mas pode acontecer de não cair durante toda a semana.
Andreia tem o hábito de sempre lavar as caixas d’água, por conta do pó que acumula no fundo. Ela conta que lava as caixas para evitar a coceira que causa devido ao pó que fica armazenado no fundo. “Eu sempre lavo a caixa com detergente e sabão, esperando que, ao cair água na caixa, ela esteja limpa, mas, por azar, a água não cai, e fico com as caixas d’água vazias”.
Há um ano, ela fez uma filmagem pela câmera do celular para mostrar à Diretora do SAAE. Segundo Andréia, ela já estava cansada da forma como a água tem chegado na sua casa, além do custo adicional para comprar água mineral. Ao levar a filmagem, Andreia foi orientada pela própria Maria a comprar uma caixa d’água para armazenamento de água. Assim, ficaria com água de sobra e não faltaria para os afazeres domésticos.
Andreia atendeu ao pedido e comprou uma caixa de 1000 litros, a fim de que a situação fosse resolvida. Atualmente, ela possui duas caixas d’água de 500 litros e outra de 250 litros. “Chega a ser um absurdo um morador passar de 4 a 5 dias sem água, eu não consigo ficar com casa suja e roupas sem lavar “, comentou. Ela relata que já aconteceu de tudo um pouco sobre a distribuição da água em sua residência, a exemplo de a água cair somente de madrugada, e, ao acordar, não achar água nas torneiras.
Segundo Maria, o fato de a água muitas vezes chegar suja é somente porque é a primeira que chega nas torneiras. Ela sempre vai chegar turva. A água da captação ponto 5 e 4 fica no Martírios. A água contém uma crosta, mas ela relata que não é a água do rio. As águas são de poços profundos, porém o poço contém resíduos de terra e areia no fundo, mas é notado que a água que chega no bairro é mais pesada. Já no centro, a água é mais mineral, e por isso a primeira água pode chegar turva, pela questão de possivelmente pode haver um vazamento na tubulação. Maria reforça que ela nunca foi informada sobre questão do mal cheiro da água, inclusive, ela pondera que, todo mês, coloca uma garrafa de água de dois litros na mesa que fica no escritório para fazer o comparativo, mas, ao passar dos dias, a água continua limpa.
A chefe do SAAE menciona que já foi testado que a melhor água do Sul do Pará é a de Rondon do Pará. “Em qualidade é a melhor, mas quantidade deixa a desejar”, ressalta.
Para o Joaquim Pinheiro, morador da rua José Fagundes, a má distribuição de água ficou assim por um período, depois que começou a dividir água com o bairro Miranda, que faz divisa com Jaderlândia. Na casa dele caía água todos os dias, agora cai dia sim, outro não, e ainda cai fraca.
Maria, ao ser questionada pelo relato dos moradores que a escassez de água é um problema, explica que o bairro mesmo tendo este reservatório que abastece a Jaderlândia também serve para distribuir água para o bairro Parque São José, Bairro Miranda e uma parte da rua Santo Antônio, que faz divisa com os bairros citados. A diretora afirma que o bairro Jaderlândia é privilegiada por ter os seus próprios pontos de reservatório, porém ( existe um projeto) que está sendo cobrado para que este problema seja sanado, mas até o momento o reservatório do bairro faz empréstimo de água para os bairros vizinhos através de um cronograma. Maria do SAAE informou que está sendo conversado com a atual gestora, a prefeita Adriana Andrade, para ter mais um poço. “O certo é cada bairro ter seu reservatório, assim terá mais água para atender a demanda de todos e não ocorrer problemas”, disse.
O cronograma que o SAAE realiza é obedecido por eles para equilibrar a distribuição da água para os bairros. Cada bairro tem um controle registrado para realizar a manobra. Por conta disso, alguns moradores por não terem reservatórios em suas residências, acabam ficando sem água.
Já a questão da caixa d ́água não é problema para a moradora da rua da Felicidade, Ana Cristina Miranda, que mora com esposo e duas crianças, uma pequena de 1 ano e um menino de 12. Ela afirma que todos os dias chega água nas torneiras. Já aconteceu de cair um dia sim e outro não, mas é raro, sempre cai água. “Eu não tenho o que reclamar sobre água na minha casa”. Miranda ressalta não possuir caixa d ́ água, pois mora há anos na mesma casa e bairro e, por mais que muitos falem da falta d ‘água, para ela nunca foi um problema.
A Diretora do SAAE explica que o fato de alguns moradores terem água em abundância se justifica por ser um sistema setorizado, conhecido como adutora. Quem mora perto tem o privilégio de ter água todos os dias, pois depende muita da localidade da residência.
O mesmo caso acontece com o senhor Luiz Leôncio, que é casado e mora com os dois filhos no início da rua Olinda da Silva Rocha, a mesma rua da moradora Andréia. Segundo o morador, todos os dias chega água. Para ele, nunca foi um problema a falta de água, inclusive a mulher, que é a responsável pelos afazeres da casa, nunca reclamou. “Para dizer a verdade, nem o preço do talão eu sei direito, minha mulher é quem paga as contas”, afirmou.
O questionamento de muitos é se a água é um bem essencial. A falta dela gera descontentamento para os moradores que pagam pelo consumo para fazer um bom uso.
Atualmente, o talão de água teve a tarifa aumentada. O valor que era pago pelos moradores da Jaderlandia de R$ 30,39 mudou para R$ 35,42, no início do ano. De acordo com Maria do SAAE, é a menor tarifa no município de Rondon do Pará, mas tem bairros que possuem outros critérios e porcentagem que torna a variação do valor diferente por bairro, como por exemplo, ela citou o centro da cidade, por usar hidrômetros devido às áreas de comércios e indústria, o custo se torna diferente.
Ana dos Santos, da rua Clemente Israel, relata que só recebe o talão e pronto. Não questiona mais não, porque não adianta. Segundo Ana, “para poder lavar roupa, eu fico sorteando a semana que cairá água”. Ela relata que não bebe dessa água por conta do mal cheiro e da sujeira. Por isso, passou a comprar água mineral. Mas ela acredita que o problema da água no bairro não tem mais jeito, entra ano e sai ano, tudo fica da mesma forma.
A Diretora do SAAE conta que está aberta para conversar e avisa que as solicitações de serviços têm sempre que ser mencionadas no escritório, para que essa relação com consumidor seja sempre solucionada. “O consumidor tem sempre razão”, ressaltou.