Por Heloísa Serrão e Ingrid Carolinne
Na última terça feira (8), o curso de Jornalismo promoveu na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, campus Rondon do Pará, a roda de conversa “Inclusão da pessoa com deficiência em Rondon do Pará: desafios e oportunidades”. Os alunos apresentaram suas reportagens abordando a temática da inclusão da pessoa com deficiência em Rondon do Pará e o site “Rondon Inclusiva” criado pelos alunos para a divulgação das matérias.
Durante o evento, os convidados puderam falar a partir das perspectivas de inclusão da pessoa com deficiência na saúde, educação, políticas públicas, direitos e empregabilidade, segundo o que foi abordado nas reportagens produzidas pelos alunos da turma de 2021 do curso de Jornalismo.
A bacharela em direito Janaína Sousa, que teve poliomielite aos oito meses de vida, participou do evento e falou sobre a importância da garantia dos direitos da pessoa com deficiência e da dificuldade enfrentada nas ruas de Rondon devido à falta de acessibilidade.
“Através da acessibilidade a pessoa garante o seu direito de ir e vir, de estudar, de se formar, de trabalhar e de contribuir também para a sociedade”, afirmou.
A coordenadora pedagógica da educação especial de Rondon do Pará, Mirtes Aparecida, ressalta a importância de debates sobre a inclusão e que por meio desses debates é possível que haja melhorias sociais. “A sociedade precisa ser inclusiva, a inclusão é um movimento social, então todos os ambientes públicos e privados precisam ser adaptados para receber as pessoas com deficiência”, disse. Segundo ela, a educação também pode ser inclusiva através do acolhimento e respeito aos direitos e possíveis limitações dos alunos com deficiência.
A presidenta da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Rondon do Pará, Allen Exler, diz que esse tipo de evento traz várias informações como questões legislativas de saúde, educação e assistência social. “Essas questões são importantes já que podemos repassar e colocar em prática na APAE, tanto as questões burocráticas quanto as de conhecimento em geral”. Ela também ressalta a importância da inclusão ser trabalhada desde cedo e a sensibilidade dos alunos de fazerem um evento voltado a esse assunto. “A inclusão deve ser trabalhada ao entrar na escola, pois hoje o que mais se observa são pessoas com deficiência tanto física como intelectual na sociedade. A questão desses alunos terem focado na inclusão mostra que temos que saber lidar e que a todo momento devemos incluir as pessoas e principalmente lembrar que todos têm esse direito”, afirmou.
Lara Rama, enfermeira no Centro de Assistência Psicosocial (CAPS) de Rondon do Pará, fala sobre a importância e sobre a sua felicidade em ver esses debates dentro da universidade. “Incluir as minorias é muito importante, a gente tem um princípio no SUS: a equidade, que é tratar o diferente com diferença. Já avançamos muito, mas ainda precisamos discutir sobre a inclusão da pessoa com deficiência e assim ocupar todos os espaços. Hoje, 12 anos após formada, ver que os alunos da universidade provocaram a discussão desse assunto me deixa muito feliz”, completou.
Para o discente Ricardo Tavares, promover eventos como esse faz com que a população fique atenta para assuntos como o da inclusão de pessoas com deficiência e seus desafios. “Que esse evento possa fazer os futuros jornalistas e as pessoas olharem para a cidade, não só nas questões arquitetônicas, mas também para as relações com as pessoas, e identificar através desse exercício do olhar os problemas da cidade, problemas esses que atrapalham a circulação das pessoas, principalmente das pessoas com deficiência”, enfatiza. De acordo com ele, Rondon do Pará tem muitas deficiências e esse tipo de evento pode contribuir com essa sensibilidade de enxergar esse assunto com outros olhos.
O evento e as produções foram idealizados na disciplina de Laboratório de Jornalismo Digital da professora Karolina Calado. A professora pautou a importância de dialogar e oferecer espaços de voz para pessoas com deficiência no município e na universidade.“Uma universidade pública, gratuita e de qualidade também precisa ser inclusiva” concluiu.