por Júlia Freitas
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição de neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, as interações sociais e provoca comportamentos repetitivos. Com o tratamento adequado, pessoas com TEA podem melhorar sua relação com o mundo, mas os desafios ainda são muitos, principalmente em cidades do interior como Rondon do Pará.
No dia 2 de abril, o mundo celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, data que inicia a campanha Abril Azul, com o objetivo de promover a conscientização e inclusão das pessoas com TEA. O movimento foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 e vem ganhando força desde então. A Lei 12.764/2012, que estabelece a Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com Autismo, garante o acesso ao tratamento pelo SUS e assegura direitos como educação e inclusão escolar.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2023, mais de 6 mil autistas estavam matriculados no ensino superior brasileiro, um aumento de 500% em seis anos. No entanto, a inclusão dos autistas nas escolas comuns traz novos desafios para professores e gestores. A necessidade de adaptação nas práticas pedagógicas esbarra na falta de apoio especializado, especialmente em municípios menores.
Realidade de Rondon do Pará
Em Rondon do Pará, o cenário reflete muitos dos desafios enfrentados em todo o país. A rede municipal de ensino conta com profissionais capacitados para auxiliar alunos com TEA, mas a demanda por apoio especializado ainda supera a oferta. Embora haja avanços, a cidade enfrenta limitações no acesso a serviços públicos de saúde adequados, como o diagnóstico precoce e o tratamento contínuo.
Uma das alternativas na cidade é a Clínica Particular Evolver, que oferece tratamento especializado para crianças autistas com uma equipe multidisciplinar. No entanto, muitos pacientes dependem de planos de saúde que frequentemente atrasam os repasses, prejudicando o atendimento. O custo do tratamento particular também representa um obstáculo para muitas famílias, forçando-as a adiar o início do tratamento.
A fila de espera para o atendimento público é outro problema. Os pacientes são encaminhados para o Hospital Regional de Tucuruí, e o tempo de espera pode se estender por meses. Segundo relatos de mães de crianças autistas, a demora no atendimento compromete o desenvolvimento das crianças e gera angústia nas famílias.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Rondon do Pará oferece alguns serviços para crianças com TEA, mas a alta demanda resulta em longas listas de espera. A ausência de políticas públicas robustas voltadas para o atendimento de crianças atípicas é um problema urgente, que afeta tanto o acesso à saúde quanto à educação.
Desafios e Esperança
Apesar de todos os avanços na conscientização, a falta de políticas públicas direcionadas para autistas em Rondon do Pará e a dificuldade de acesso a tratamentos especializados ainda são barreiras que pais e cuidadores precisam enfrentar diariamente. A necessidade de uma sociedade mais inclusiva, que entenda e acolha o TEA, é um sonho distante, mas continua sendo o objetivo de quem vive essa realidade.