Por Lucas Silva e Juraci Denoni
Desde o dia 16 de março, quando começou o isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus, não havia determinação específica sobre a paralização das atividades presenciais nas universidades federais. Nesse primeiro momento, os professores estavam passando textos e trabalhos para seus alunos realizarem em casa. Mas, com o agravamento da pandemia, as aulas foram suspensas em todas escolas e universidades do Brasil por serem consideradas como locais de grande fluxo de pessoas e de aglomeração. Algumas instituições de ensino optaram pelas aulas on-line, outras não estão desenvolvendo atividades não-obrigatórias, repassando conteúdo para que os estudantes não ficassem parados.
E não foi diferente com a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), campus de Rondon do Pará, os professores dos cursos de Jornalismo, Administração e Ciências Contábeis estão fazendo algumas atividades nesse período e relatam como está sendo essa nova rotina de passar e receber aprendizado à distância.
Nossa equipe de reportagem entrou em contato com alguns professores para que eles falassem um pouco de seus projetos de pesquisa e extensão, suas orientações de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e como é trabalhar totalmente de casa.
Segundo o professor da Faculdade de Ciências Contábeis (FACIC), Mário Cesar Oliveira, “o contexto da pandemia proporcionou a todos nós um processo de inovação e reinvenção, nas metodologias, na organização do trabalho. Penso que está sendo um desafio tentar produzir pesquisa somente com dados secundários, fazer orientações de TCC via plataforma digital e promover seminários e palestras. Certas inovações e adaptações serão permanentes. Contudo, lembro que o contato, a aula presencial com os discentes, as pesquisas de campo são primordiais para o avanço da educação”.
O Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) conta com turmas em todos os turnos e com alunos de vários municípios do Pará que, nesse período, retornaram para suas cidades de origem. A professora Miraci Matos, também da FACIC, diz estar usando diferentes abordagens para aplicar às diferentes turmas. “Passei um material para eles no início do semestre, para os três turnos, porém na turma da tarde, que é mais prática, trabalhei exercícios com eles, porém não pude avançar, porque requer teoria e prática. Mas estou trabalhando com o monitor da disciplina, na forma de resenha e questões para resolver. Criamos um grupo de mensagens para orientar aqueles alunos que nos procuram com dúvidas. E agora vou começar a usar novas ferramentas para fomentar mais os alunos, através de pequenos eventos na forma de roda de conversa virtual ”.
Já os professores da Faculdade de Administração (FAD) também estão apostando nas plataformas digitais, que nesse período, ganharam mais importância. Porém alguns projetos de extensão estão parados pois precisam ser presenciais ou serem realizados com a comunidade, como como é o caso do professor Sergio Siani, da FAD. “Meus projetos de extensão estão parados, pois obrigatoriamente o aluno deve estar presente. Vou dar um curso sobre o mundo da produção cientifica e vamos desenvolver em sala de aula um artigo, esse curso é aberto a todas as pessoas de dentro e de fora da universidade. Para tanto, é necessário a pessoa estar em frente ao computador com minha supervisão para tirar dúvidas”.
O professor Gustavo Passos, da FAD, tem trabalhado nos projetos de pesquisa que estão funcionando praticamente na sua normalidade. “Atualmente, coordeno dois projetos de pesquisa com bolsistas de iniciação científica. O primeiro é sobre o desenvolvimento da intenção empreendedora dos alunos da Unifesspa. Já coletamos todos os dados da pesquisa de campo e estamos na fase de tabulação e análise dos dados. Acredito que no final do mês de junho já teremos concluído o artigo cientifico desse projeto”.
A Faculdade de Comunicação também segue em muitas atividades não presenciais que envolvem professores e alunos. Dentre as ações está a campanha de comunicação visual em conjunto com a prefeitura de Rondon do Pará, com dicas sobre formas de prevenção e cuidado durante a pandemia, reportagens especiais para o Rondon Notícias, transmissões ao vivo em plataformas digitais, como a série “Jornalismo na Quarentena” sobre assuntos relacionados à mídia e à cobertura do Covid-19. Há ainda o Giro de Notícias, com alunos que estão junto de suas famílias em municípios por todo o estado, que mostra semanalmente uma atualização da situação do Covid-19.
A professora Elaine Javorski diz continuar trabalhando nas pesquisas sobre Mídia e Migrações com a produção de artigos científicos e o monitoramento dos telejornais. “Tenho desenvolvido também pesquisas sobre como as tecnologias podem ajudar no compartilhamento de notícias em Rondon do Pará, especialmente nesse momento de pandemia. Também continuo trabalhando com meus projetos de extensão, a Agência Paiá e o Rondon Notícias, que têm conseguido se adaptar ao isolamento físico necessário durante esse período”. Também participa, juntamente com a professora Janine Bargas, como colaboradora do “Painel Reflexão em tempos de crise”, que reúne docentes de vários institutos.
Já a professora Lívia Barroso tem aproveitado o tempo em casa para produzir artigos científicos e participar de conferências. “Alguns projetos de extensão estão sendo prejudicados com a pandemia, já que precisam ser desenvolvidos com a comunidade como, por exemplo, o cursinho popular Emancipa e a Rádio Itinerante, projetos que coordenados por mim. Porém, a bolsista da Rádio Itinerante tem contribuído com a produção de textos para o Portal Rondon Notícias, ou seja, tem feito o possível para estar trabalhando nesse momento ”, ressalta a docente.
A professora Janine Bargas também tem organizado teleconferências e participado de eventos online. Ela aposta nas redes digitais como uma ferramentas úteis nesse período. “Depois que as atividades presenciais acadêmicas foram suspensas passei a me dedicar mais às atividades administrativas e ações de pesquisa e extensão. Nesse meio tempo submeti três projetos a editais de fomento, formalizei um grupo de pesquisa, o Nucomp (Núcleo de Pesquisa em Comunicação e Política), entre outras ações”, afirma a docente da Facom.
O professor Diego Marques teve a ideia de fazer um canal de vídeos na internet (Aidentoscience). O objetivo é produzir aulas que sirvam como introdução ou revisão aos alunos que, nesse período, estão isolados. Toda semana ele produz conteúdo tanto para alunos e o público em geral tratando conteúdo específico de disciplinas que ele ministra e também conteúdos gerais. O professor buscou estratégia didáticas para tratar assuntos complexos que geralmente os alunos tem dificuldades de entender. Nesse sentido, tenta explicar os assuntos através de piadas sempre utilizando humor como estratégia retórica, tendo em vista que o humor produz e tem a capacidade de prender atenção da pessoa. O canal se tornou um espaço para divulgar conteúdo e de experimentação na área que atua, que é a semiótica. “O melhor que podemos fazer é produzir informação e ficar em casa, para evitar contágio. Nesse sentido, é importante perceber a pandemia como espécie de oportunidade, pois a partir desse momento você vai ter longos momentos de solidão, mas por outro lados você vai ter que descobrir como isso vai pode lhe ajudar a produzir. Ou seja, como tirar da pandemia algo produtivo, já que temos que enfrentá-la de qualquer forma ”, finaliza.