Por Jussara Alves
Os casos de contaminação pelo novo coronavírus têm se mantido estáveis nos últimos meses. Desde o início de outubro até agora foram registrados 33 casos e dois óbitos, cenário bem diferente do que foi vivido em junho, julho e agosto, por exemplo, que registraram média de 150 casos por mês. O número de pessoas monitoradas com síndrome gripal também caiu e hoje está, de acordo com o boletim do dia 22 de novembro, da Secretaria Municipal de Saúde, com 73 casos. A curva neste momento se mantem estável, como mostra o gráfico abaixo. Mas isso não significa que a pandemia acabou e que os cuidados como o uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social podem ser deixados de lado.
Segundo a professora Ana Cristina Campos, doutora em saúde coletiva da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), considerando a liberação das atividades econômicas e sociais, bem como a flexibilização do isolamento, observa-se uma queda brusca nos casos registrados no último mês. Mas, é importante levar em consideração que neste período o número de testes aplicados teve uma redução importante e também um maior desencontro entre os dados de prefeituras e governo do estado. “O primeiro problema na análise epidemiológica é o desencontro entre as informações municipais e estaduais. Isso quer dizer que pode haver atrasos e/ou subnotificações que nos impedem de fazer projeções em médio, longo prazo”, analisa.
Para a professora, essa queda nos índices não indica uma queda absoluta porque a contaminação persiste nos municípios, principalmente devido a aglomerações em atividades não essenciais. “Por outro lado, observamos a diminuição de políticas públicas relacionadas ao enfrentamento, informação e conscientização da comunidade, especialmente no ultimo mês que coincidiu com o período eleitoral”. Sobre os dados referentes aos óbitos confirmados na cidade, Ana Cristina Campos avalia, a partir dos dados do Painel IETU/Unifesspa, que é provável existir uma subnotificação de pelo menos 24 mortes, o que elevaria esse total para 58 mortes. “Isso significa que há uma grande probabilidade de déficit de registro de 41% das mortes por Covid-19 na cidade”, conclui.