Por Jussara Alves
Wilkina Pereira é moradora de Rondon do Pará e faz parte da equipe dos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles visitam casa por casa no município para entrevistar moradores e coletar dados necessários para a pesquisa. Segundo Wilkina, muitas dificuldades já foram enfrentadas para conseguir os dados porque parte da população se recusa a passar as informações. “Muitos ficam com desconfiança, mesmo a gente explicando do que se trata, eles acabam pensando que se trata de algum golpe ou assalto. Outros já sabem e entendem do que se trata, mas não querem passar as informações, em certas situações agem até com ignorância com os recenseadores”.
Assim como Wilkina, outros recenseadores também enfrentaram situações parecidas. É o caso de Glebson Alves, que não conseguiu encerrar a pesquisa no seu setor da zona urbana porque a comunidade dizia desconhecer as ações do censo demográfico. “A falta da divulgação no início dificultou muito a nossa coleta pois como as pessoas não tinham conhecimento, não recebiam a equipe e, quando acontecia de receberem, tínhamos que ter um diálogo para explicar sobre o que se tratava, a importância para o município, até o momento em que aceitavam passar as informações necessárias”. Glebson agora atua na zona rural e relata que a comunidade tem contribuído com a pesquisa e fornecido as informações que são necessárias. Além da experiência profissional ele tem aprendido de perto sobre as necessidades da cidade e a realidade das pessoas que moram na zona rural.
Lilian Pereira atende a zona rural do município junto com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que foi uma das estratégias encontradas pelos supervisores para conseguir as informações da comunidade. “A coleta de dados tem fluido porque estou junto com os ACS e, como os moradores já possuem um contato com eles, se torna mais prático e fácil conseguirmos realizar a coleta de dados”. A possibilidade desse trabalho em conjunto com os agentes da prefeitura foi fundamental. De acordo com a supervisora de campo do IBGE, Hileia Lima, ainda existe resistência por parte da população, mas depois do trabalho de divulgação junto com a prefeitura ficou mais fácil. “O apoio dos agentes de saúde, tanto na zona rural como urbana, tem sido fundamental para termos esse contato com os moradores. Como algumas pessoas passam o dia fora de casa, no trabalho, também buscamos estratégias para que seja possível coletar os dados. Como os ACS têm o contato dessas pessoas, então ligamos e marcamos um horário para o recenseador ir na residência e fazer a coleta”.
Importância do censo
A cada década o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza o Censo Demográfico. Devido à pandemia, o recenseamento de 2020 só está sendo feito agora. O objetivo é conhecer em detalhe como é e como vivem os brasileiros. Essas informações norteiam o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e também servem de guia para o aporte de investimentos, tanto do governo quanto da iniciativa privada. Assim, segundo o próprio IBGE, o Censo serve para compreender o tamanho e distribuição da população; identificar áreas de investimentos prioritários em saúde, educação, habitação, transportes, energia e programas assistenciais; selecionar locais que necessitam de programas de estímulo ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social; fornecer dados a partir dos quais se define a representação política no País, indicando o número de deputados federais, deputados estaduais e vereadores de cada estado e município; e também apresentar subsídios ao Tribunal de Contas da União para o estabelecimento das cotas do Fundo de Participação dos Estados e do Fundo de Participação dos Municípios.
Mas não é só o governo que se beneficia do Censo Demográfico, toda sociedade faz uso dos resultados. É partir desses dados que se selecionam os locais para a instalação de fábricas, supermercados, escolas, creches, áreas comerciais e outros estabelecimentos privados. É também a partir desse perfil traçado sobre a população que os cidadãos podem reivindicar maior atenção do governo municipal ou estadual para problemas específicos como a expansão da rede de água e esgoto, da rede telefônica e de acesso à internet. São inúmeros os usos que um país pode fazer dos resultados de um Censo Demográfico.
Em todo o Pará, 7 mil servidores temporários do IBGE estão visitando desde o início de agosto os 144 municípios, ou seja, cerca de dois milhões de domicílios. Em Rondon do Pará, 30 recenseadores foram aprovados na seleção. Com a desistência de alguns, agora são 25 pesquisadores que atendem a zona urbana e rural. A previsão é de que a coleta de dados demográficos encerre até o dia 31 de outubro com 100% da população entrevistada.
Como identificar o recenseador
Para identificar um recenseador é simples: observe se ele usa colete, bolsa e bonés azuis com a logomarca do IBGE em amarelo. Mas o mais importante é o crachá, que tem a foto do profissional, nome completo, matrícula, lotação, número de identidade e um QR-Code. Os recenseadores usam um aparelho digital para a coleta dos dados, coberto por uma capa azul, de tamanho um pouco maior do que um aparelho celular. Os recenseadores não pedem para entrar da residência, a orientação é fazer a entrevista na frente de casa, e também não são autorizados a pedir qualquer informação bancária, como saldo de conta corrente, poupança e muito menos senhas. Nunca será pedido que o morador entregue qualquer documento, seja original ou cópia. Os pesquisadores vão pedir apenas o número do CPF do informante.
É importante que os rondonenses colaborem com o Censo 2022. Só assim será possível compreender o perfil da população para termos uma cidade melhor atendida pelas políticas públicas e com mais investimento privado.