O empreendedorismo de forma geral é uma maneira de gerar renda, buscando formas de suprir necessidades com estratégias inovadoras.
No Município de Rondon do Pará é comum andar pela praça da Paz e se deparar com barracas de comidas, lanches e sorvetes. A maioria desses empreendimentos é administrado por mulheres. Um dos grandes desafios de ser uma mulher empreendedora é conciliar todas as obrigações diárias: do seu empreendimento, da casa e/ou do cuidado com os filhos.
Dalva Oliveira, moradora de Rondon do Pará, trabalha com a venda de acarajé há mais de 14 anos. Ela entrou no ramo a convite de seu irmão, que lhe ensinou tudo sobre a culinária baiana. Dalva vê o empreendedorismo feminino como algo relevante. “É muito importante, porque acabou aquilo de a mulher ser escrava do homem, de viver só debaixo do pé do homem. Tudo pedia: ah, eu quero um perfume! Quero um dinheiro pra comprar uma roupa íntima! Hoje não, hoje a mulher é independente, entendeu?! Muito bom, ela é independente, ela se vira sozinha, ela é autônoma. Se ela não quiser mexer com comida, vai mexer com confecções, mas tá mexendo com a área que ela trabalha e gosta, né?!”, relata a empreendedora.
Em nosso estado, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), no ano de 2022, havia cerca de 29º mil Microempreendedores Individuais (MEI), desses, 45% são mulheres, uma média de 131 mil empreendedoras do sexo feminino. Mas, empreender não é uma tarefa fácil, principalmente para as mulheres. Em Rondon, a falta de apoio por parte dos governantes é um grande e antigo desafio para as trabalhadoras que estão na Praça da Paz há anos.
Carla Souza, que empreende há mais de 19 anos em lanche na chapa, ressalta as dificuldades e a falta de um olhar do poder público do município. “Pra nós que trabalhamos aqui na Praça, principalmente no inverno, a gente praticamente não trabalha, ou se você tiver como trabalhar no delivery você faz alguma coisa, mas no inverno você não pode colocar uma cobertura adequada, porque não pode ter nada na Praça. Você tem que usar sabedoria pra ganhar alguma coisa. No inverno, a gente praticamente não trabalha, e se eles tivessem esse olhar para nós comerciantes, porque cada ponto desse é uma família que depende, então a gente precisa desse olhar mais especial pra gente, porque toda a família precisa”, explica Souza .
Conversamos ainda com dona Sara Giroldo Quintero, colombiana, moradora de Rondon há três anos. Ela conta que chegou à cidade sem saber se comunicar com o idioma local, tinha que se comunicar através do celular para conseguir sinalizar as suas necessidades. Dona Sara, que em seu país trabalhava com comida desde cedo, exerce a profissão aqui apenas há dois meses. “No meu país trabalhei com comida a vida toda, mas aqui só tem dois meses. Só que aqui o movimento não é muito grande, é mais ou menos. Daí temos que experimentar com poucas coisas, aí se o movimento for maior, faremos mais coisas, mas, por enquanto, só hot dog”, explica. Quando perguntada sobre a sua opinião em relação ao papel da mulher empreendedora, ela diz: “Eu amo muito as mulheres que trabalham. No meu país eu fui uma mulher que gostava de trabalhar, eu gosto das mulheres que são independentes, que não dependem do marido e buscam trabalhar sozinha e tocar a família pra frente. Eu amo mulher assim e falo porque estou toda vida trabalhando”, ressaltou.
Por este parâmetro, observa-se que o empreendedorismo feminino é tão importante e necessário, apesar da romantização do mesmo. A maioria dos microempreendedores, principalmente as mulheres, recorre a este novo método de geração de renda quando se encontra em vulnerabilidade financeira.
No cenário de Rondon do Pará, é notório a importância do empreendedorismo na vida das mulheres rondonienses, que apesar das dificuldades de permanecer empreendendo, sem apoio da parte governamental do município, continuam seu trabalho da melhor forma possível.
Por Fernanda Soares, Heloísa Serrão e Kennidi Junior