Por Camila Gusmão, Lucas Rodrigues e Rafael Maia
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 25 milhões de crianças não foram vacinadas em 2021, essa é a maior queda registrada nos últimos 30 anos. Grande parte dessa população vive em países de baixa renda. O Brasil está entre os dez países com a menor cobertura vacinal do mundo, segundo a pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o índice de vacinação caiu de 93% para 71%.
A baixa cobertura vacinal coloca a população infantil em estado de alerta para a saúde pública, pois essas crianças agora estão expostas a doenças que não eram mais uma preocupação para o Brasil, como o sarampo, erradicado em 2016, que voltou para a lista de doenças no âmbito nacional. Além disso, a não vacinação traz alerta para outras enfermidades que avia sido eliminadas e agora ameaçam esse grupo, como a poliomielite, meningite, rubéola etc.
A poliomielite, doença contagiosa que causa a paralisia infantil, foi erradicada no Brasil em 1994, mas em 2022 voltou a ser uma ameaça nacional. O caso de uma criança no estado do Pará gerou repercussão quando um menino teve perda da força nos membros superiores, fato que levou a investigação sobre a doença e colocou em estado de alerta grave a saúde no país. Além disso, a baixa vacinação contra a doença potencializa a gravidade do caso e aponta para os riscos de reintrodução da doença.
Segundo dados divulgados pelo Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), houve queda em nove das 15 vacinas que deveriam ser aplicadas até o quarto ano de vida das crianças, fato que levou ao índice insatisfatório na cobertura vacinal. Para obter eficácia na cobertura vacinal, o país precisa alcançar no mínimo 90% das crianças vacinadas. Esses imunizantes são responsáveis por proteger contra cerca de 17 doenças altamente graves e contagiosas, que podem levar à morte, mas são totalmente evitáveis quando a vacinação é feita, como recomendada as autoridades de saúde. O imunizante é distribuído gratuitamente nas unidades de saúde espalhadas pelo país.
Por que não estão se vacinando?
A população estimada para receber a vacina contra poliomielite em Rondon é de aproximadamente 2.500 crianças, mas, segundo dados disponibilizados no LocalizaSUS, o município vacinou apenas 69,99% desse grupo. De acordo com a enfermeira Larissa dos Anjos, responsável pela imunização no município, com a pandemia da Covid-19, muitas pessoas ficaram expostas a desinformação sobre a segurança das vacinas, o que pode ter gerado a baixa procura por imunizantes em geral. A enfermeira declara ainda, que nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é possível perceber a redução da procura por vacinas, principalmente dos públicos jovem e adulto. “A pandemia popularizou bastante informações sobre vacina e sua produção, antes dela ninguém se importava com a confiabilidade do laboratório ou do imunobiológico que estava sendo administrado. No entanto, depois da massificação das informações, pessoas leigas se achavam peritas em avaliar tais questões, se esquecendo, porém, que a viabilidade de uma vacina não depende apenas do laboratório, mas de toda logística que inclui não só a fabricação, mas também transporte, armazenamento e aplicação da mesma. Isso sem falar das questões intrínsecas do próprio organismo, ou seja, o mesmo imunobiológico pode ter efeito diferente em pessoas diferentes. Nesse sentido, a falta de informação correta e o avanço de fake news prejudicou o alcance de várias outras metas de imunização”, afirma Larissa dos Anjos.
Como funciona o calendário de vacinação infantil em Rondon do Pará
De acordo com Larissa dos Anjos, o calendário de vacinação no município segue o Plano Nacional de Imunização (PNI), e as vacinas são aplicadas de acordo com a faixa etária das crianças que vai do nascimento até os 6 anos, além de seguir orientações do fabricante das vacinas em relação à quantidade de doses aplicadas e o intervalo entre elas. “O município disponibiliza as vacinas de segunda a sexta, pela manhã e tarde, em todas as Unidades de Saúde da zona urbana. Nas UBS da zona rural, a abertura é quinzenal ou mensal de acordo com programação prévia divulgada na comunidade,” declara Larissa dos Anjos.