Por Renata Ricelly
Estudantes de Jornalismo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), turma de 2022, promoveram a II Mostra de Fanzines no dia 25 de outubro, na Escola Pública Municipal Dom Pedro I e contaram com a participação dos alunos do 7º e 8º ano do Ensino Fundamental II. A ação faz parte da disciplina de Jornalismo Comunitário e Alternativo ministrada pela Professora Dra. Ingrid Gomes Bassi.
Foram escolhidos cinco temas relacionados a questões sociais, esporte e saúde pública: feminicídio, racismo estrutural, perigos da automedicação, precarização do trabalho, esporte plural e gordofobia, temáticas atuais e pertinentes, que despertam nos jovens uma discussão crítica sobre aspectos da sociedade.
Para o discente Kauã Fhillipe, é de extrema relevância que um futuro jornalista esteja em contato com a população local e com jovens estudantes. “O projeto de produção e apresentação de fanzines em turmas da escola pública do município foi uma excelente experiência para trazer informação de maneira mais acessível para esses jovens, que estavam interessados no conteúdo. Achei que importante e que devemos fazer mais vezes. Levar mais informação para os diversos cantos da cidade, para os mais variados grupos sociais”, afirma Fhillipe.
Professora há 38 anos na rede pública de ensino, Gislene Miranda Ribeiro ressalta o aspecto lúdico e interativo dessa publicação. “A apresentação de temas importantes para a sociedade em forma de Fanzine na sala de aula é significativa por diversos motivos. Os Fanzines oferecem uma abordagem criativa e acessível para os alunos expressarem e compartilharem ideias, incentivando a criatividade, a pesquisa, a escrita e a habilidade de síntese”, conta.
Gislene também descreve que, por meio das apresentações, os adolescentes e jovens podem ser estimulados a saberem mais sobre os assuntos abordados, essencialmente por terem sido introduzidos aos temas de forma próxima e mais engajada. “Essa forma de expressão permite aos alunos serem tanto consumidores quanto criadores de conteúdo, fomentando a compreensão e a reflexão crítica sobre questões relevantes para a sociedade”, enfatiza.
Everton Vieira dos Santos, aluno do 8º ano C, se mostrou participativo durante as apresentações e contou que se interessou pelo meio de comunicação fanzine. “As revistas são bonitas, com cores e imagens legais, além de um número menor de páginas que o livro. Foi uma experiência divertida e prazerosa”, concluiu.
Ao final das apresentações, a Prof. Dra. Ingrid Bassi parabenizou os alunos pelo trabalho e destacou a importância de práticas jornalísticas com a comunidade, para uma boa formação profissional. “O papel do jornalismo alternativo e comunitário pode iniciar com a interlocução em bairros e locais públicos em que o comunicador consiga dimensionar as informações de forma mais lúdica, utilizando-se inclusive do entretenimento, para pautar assuntos de interesse para as populações envolvidas, a partir de uma perspectiva cidadã”, disse.
Considerado um tipo de publicação independente, os fanzines são produzidos por “fãs” de determinados assuntos, mas ganhou o mundo como um formato alternativo usado para propor mensagens de forma mais acessível e autoral. As páginas não têm regra de produção. Há, portanto, liberdade para o produtor que quer se expressar, seja com colagens, poesia, músicas, desenhos e o que mais vier à mente. Mesmo com a força da internet, o formato ainda existe e persiste no mundo inteiro.