Período de inverno amazônico acende alerta para prevenção da doença
Por Renata Ricelly
A dengue é uma doença que, na maioria das vezes, é transmitida a partir da própria casa. O mosquito aedes aegypt, transmissor do vírus da dengue, vem encontrando nesse período do ano o cenário ideal para se procriar. Ele põe seus ovos à beira de água parada, seja ela limpa ou não. Os ovos rompem quando a temperatura está alta e as larvas se desenvolvem até se transformarem em mosquitos.
De acordo com especialistas ouvidos pela Agência Senado, o Brasil enfrentará em 2024 a pior epidemia de dengue da história. Nos primeiros meses, o país já contabilizou mais de 1,3 milhões de casos suspeitos da doença, o que equivale a 19,7 mil infecções a cada dia. A situação é alarmante porque o pico da dengue normalmente é no mês de abril e a doença que pode levar à morte já registra 603 óbitos confirmados pela doença, de acordo com dados do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde. Outros 1029 óbitos estão sob investigação.
Em Rondon do Pará, não encontramos um cenário diferente do nacional, o município se encontra na zona de risco, de acordo com o resultado do 1º ciclo do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti -LIRAa 2024. Este levantamento acontece a cada dois meses, e trata-se de uma pesquisa larvária para diagnosticar a real situação do município, como se encontra cada bairro, os reais índices de infestação e as localidades mais afetadas pelo foco do mosquito. Esta pesquisa é produzida pela análise, por amostragem, da quantidade de imóveis com a presença de recipientes com larvas do mosquito, e é feita pelos agentes de endemias.
Após conclusão do LIRAa o município tem seu 1º Informe Epidemiológico de 2024, apontando uma média geral de 9% de infestação, colocando assim o município em situação de risco. De acordo com a tabela do Índice de Infestação Predial (IIP), municípios com percentual abaixo de 1% é considerado satisfatório, entre 1% e 3,9% é considerado sinal de alerta e acima de 3,9% é sinal de risco.
Ainda de acordo com o LIRAa o bairro Jaderlândia está no topo do ranking de infestação do mosquito da dengue, seguido do bairro Centro, confira o gráfico.
Segundo Janiel Santos, coordenador do Departamento de Endemias , o município de Rondon do Pará conta com dezoito Agentes de Combate a Endemias (ACE) para realizar o trabalho de conscientização, prevenção, fiscalização e tratamento contra a Dengue. “A demanda nesta época é muito grande, não conseguimos ir em todos os bairros ao mesmo tempo, então o trabalho começa pelo bairro que aparece com o maior índice de infestação no LIRAa e também realizamos palestras nas escolas”, destaca.
Durante as últimas semanas, os Agentes de Endemias estão realizando os trabalhos de conscientização, fiscalização e tratamento das residências do bairro Jaderlândia, bairro que aparece com maior índice de infestação do mosquito, seguindo posteriormente para os demais bairros da cidade.
Veridiano da Silva, supervisor de equipe do Departamento, conta como acontece o trabalho em campo dos agentes. “A visita do agente é feita para detectar o foco, eliminar ou tratar, se for o caso. Tendo como meio mais eficaz de tratamento a utilização do peixinho nas caixas d’água. Outra forma de tratamento é o novo larvicida em formato de pastilha”, destaca Silva.
Veridiano conta ainda que os agentes encontram muita resistência dos moradores em recebê-los em sua residência para a realização do trabalho domiciliar de combate à dengue, o que dificulta o trabalho eficaz dos agentes, ocasionando assim, a proliferação do mosquito em maior escala.
Questionado sobre o “Fumacê da Dengue”, Janiel conta que o mesmo foi substituído pela nebulização com óleo vegetal, a substituição ocorreu conforme orientação preconizada via Ministério da Saúde. E que a nebulização é utilizada como último recurso, pois é uma medida que atinge apenas mosquitos adultos. “Por ser um inseticida, pode causar danos à saúde se a exposição ao produto for longa ou corriqueira. Por isso, o mesmo só é permitido em situações de extrema necessidade”, afirma Janiel.
Atualmente Rondon do Pará registra o número de 25 notificações de casos suspeitos de dengue, destes, 14 deram positivo e 11 negativos. As notificações ocorreram no período de 01/01 a 29/02 de 2024.
Nilzete Teixeira, coordenadora do Departamento de Vigilância em Saúde, explica que os pacientes procuram a UBS no início dos sintomas e são orientados a coletar material para a realização do exame no Laboratório Central do Estado do Pará – LACEM. Com o retorno dos resultados dos exames, o departamento encaminha para a Unidade de Saúde realizar a notificação do paciente.
A Secretaria Municipal de Saúde desde o mês de fevereiro vem realizando campanhas de prevenção e combate à Dengue nas Escolas Públicas e via redes sociais da Secretaria, porém não tem surtido o efeito esperado.
Dahú Carlos Burani, secretário municipal de Saúde, ressalta que está sendo feito um trabalho educativo no município e que há a necessidade da população fazer a sua parte. “Estamos realizando um trabalho de formiguinha, conscientizando a população sobre o perigo da dengue, contamos com a colaboração de todos, principalmente onde tem mais foco do mosquito. Pedimos também que os moradores recebam os agentes em sua casa, e os donos de terrenos realizem a limpeza dos mesmos, evitando assim ser local de criadouro do mosquito”, disse.
Quanto ao município estar na zona de risco, Dahú Carlos informou que a equipe dos agentes de endemias já realizaram o trabalho de eliminação dos focos e agora estão indo a campo para a realização do 2º ciclo do LIRAa, possibilitando a baixa dos resultados de infestação. “A equipe de endemias já está nas ruas realizando a nova pesquisa, e com ajuda da população vamos sair da zona de risco”, acrescenta Dahú.
É preciso salientar que essa luta não é apenas do poder público, e sim, de todos nós. É necessário que todas as pessoas realizem as medidas de prevenção contra o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Prevenção:
Manter a caixa d’água, tonéis e barris de água bem fechados;
Colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira fechada;
Não deixar água acumulada;
Manter garrafas com boca virada para baixo;
Acondicionar pneus em locais cobertos;
Proteger ralos sem tampa com telas finas;
Manter as fossas vedadas;
Encher pratinhos de vasos de plantas com areia até a borda e lavá-los uma vez por semana.
Em casos de aparecimento de sintomas, procure a unidade de saúde mais próxima para atendimento médico, e não realize a automedicação.
Sinais e Sintomas:
É importante que a população esteja atenta as manifestações da dengue, zika e chicungunya, pois são parecidas, por isso é importante/necessário ficar atento: os principais sintomas da dengue são febre alta e de início sempre presente, dores moderadas nas articulações, manchas vermelhas na pele e coceira leve.
A zika apresenta febre, dores leves nas articulações, manchas vermelhas nas primeiras 24 horas, coceira de leve à intensa e vermelhidão nos olhos.
Já a chikungunya se manifesta com febre alta, dores intensas nas articulações, manchas vermelhas nas primeiras 48 horas, coceira leve e vermelhidão nos olhos.
Serviço:
A população de Rondon do Pará pode solicitar orientações, realizar denúncias de possíveis criadouros de mosquito e procurar a Secretaria Municipal de Saúde – telefone: (94) 99251-3993.
Vacinação:
O Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. Atualmente é aplicada na população de regiões endêmicas. As regiões de saúde selecionadas atendem a três critérios: possuem pelo menos um município de grande porte, ou seja, mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024, e com maior predominância do sorotipo DENV-2. Com isso, 16 estados e o Distrito Federal têm municípios que preenchem os requisitos para o início da vacinação a partir de 2024. Serão vacinadas as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. De acordo com o Ministério da Saúde, a definição de público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina.
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
Você Sabia?
Em Rondon do Pará, a vacina QDenga está disponível para venda na Clínica MedRondon. A vacina custa R$ 550,00 (Quinhentos e cinquenta reais), pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos, no esquema vacinal de duas doses. Maiores informações pelo fone: (94) 99209-3055.
Reprodução: Instagram da MedRondon